sábado, 10 de novembro de 2012

Mimetismo Tecnológico

Por Andrea Cople
Não há dúvidas quanto à utilidade de todas as tecnologias disponíveis no mundo moderno. Internet, celular, skype, vídeo conferências, etc.
No engarrafamento você pode saber das últimas notícias via tablet, via smartphone. Sabe também quem, quando e onde fez ou está... viajando, num restaurante, ou simplesmente em casa e postando sem parar no facebook.
“Informação é poder”!
Uma máxima da teoria da comunicação.
Mas será que estamos consumindo informação de verdade ou nos entulhando de coisas alheias, cotidianas que não nos pertencem?
Será mesmo que estamos tão próximos dos nossos próximos ou somente sabemos superficialmente o que ele faz, com quem faz e por onde passa?
Há também a questão da tecnologia agindo desfavoravelmente, ou melhor, o ser humano, desvirtuando seu uso.
Exemplos?
Não faltam!
Você liga para uma pessoa quem tem bina em casa e ela atende:
“Oi fulana! Olha só, vou falar rápido porque estou saindo, agora não posso dizer nem um alô”!
Não te deu tempo de respirar. Melhor teria sido não atender à ligação.
Bom, se você ligou para dizer uma coisa importante, claro que essa pessoa numa mais vai ouvir a tal notícia, a não ser que você seja um cretino de ligar novamente.
Outro exemplo do bina:
Você liga numa quinta-feira à noite quando sabe ou supõe que a pessoa está em casa. Ainda que não estivesse, uma hora ela retorna pra casa. O telefone toca insistentemente... A pessoa realmente não está ou ela não quer atender.
Seu número fica registrado no bina, mas ela não te retorna. Se fosse alguém avisando que você teve um ataque cardíaco, esquece! Nem no seu enterro ela irá e depois ainda vai dizer que não foi avisada.
No primeiro encontro cara a cara com essa mesma pessoa, ela te diz: “Nossa, tá sumida”!
Ecaaa!
Outro exemplo é daquela pessoa que adora “curtir”, comentar, compartilhar tudo, absolutamente tudo no facebook. Quando eu digo TUDO, é tudo mesmo, até o que está lendo, estudando, o sabor da pizza que está dividindo com os amigos e outras coisitas que não são dignas de serem citadas.
Aí você envia um SMS para essa pessoa, ela diz que não viu. Você liga para o celular, que praticamente já virou um brinco, de tão colado na orelha...ela diz que não ouviu.
Mas você precisa falar, insiste e manda um e-mail... O servidor (dela) não funciona. Liga para o número fixo.... O mundo acabou e esqueceram de cortar o sinal de “chamando”.
Aí você entra no seu face e vê que esta pessoa não sofreu um atentado, ela está lá, curtindo, compartilhando, comentando como tudo é tão belo.
So cute!
Numa conversa descompromissada uma pessoa, sabe-se lá porquê, diz que tem “BlackBerry”, iphone, mas dorme MUITO cedo.
No dia seguinte você vê que ela postou coisas lindas, frases profundas, ensinamentos sábios, um pouco antes ou depois da meia noite.
São pessoas que se mimetizam com a tecnologia para não abraçarem de verdade, para não escutarem o que não querem. São pessoas que dizem que o tempo é curto e chegam em casa exaustas, que dormem às 22:00 com medo de você ligar pra elas em caso de precisão... vai que você precisa de socorro médico, uma palavra amiga, um conforto?
Nada disso é urgente!
Fica para quando der, se algum dia “der”.
Pessoas cercadas de tecnologia, que se escandalizam se você não acompanha a marcha inexorável do progresso, mas que distam, e muito, do afeto de uma palavra amiga.
Pessoas assim possuem tudo o que há de mais moderno no mundo tecnológico e estão pobres de palavras doces, de um telefonema amigo, de um e-mail perguntando somente: “Como você está”?
Pessoas que possuem televisões de 1000 polegadas e por todos os cômodos da casa. Cozinha, sala, quarto e, se desse, no banheiro. Mas ai de você se ligar na hora da novela, onde já se viu hora mais imprópria?!
Pessoas que se confundem com as tecnologias que as cercam com medo de serem abordadas, solicitadas, abraçadas, por alguém que tenha mãos no lugar de teclados, que use a cabeça e não o Google para buscar informações, que saiba silenciar e não faz àqueles ruídos de “on” e “off” dos aparelhos.
É o progresso!
Será mesmo o progresso ou um retrocesso das relações interpessoais?
Cafezinho, chá e conversa fiada são coisas do passado!
Você está “ON” cercado de redes sociais ou “OFF” vivendo a vida real.
(Andrea Cople) 10/11/2012
 

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